Oficina de Antropologia e Cidadania – 2024-2025
Identificação da Coordenação Pedagógica:
Docente responsável: Lurdes Pequito (Grupo 410 – Filosofia – PQA)
Escola em que leciona: Escola Secundária Rainha Dona Leonor
Escolas que participam no projeto: Escola Secundária Rainha Dona Leonor
Entidade executora do Projeto: Escola Secundária Rainha Dona Leonor
Entidades parceiras: CRIA; ISCTE-IUL; APA; FCSH; Junta de Freguesia de Alvalade.
Resumo do projeto:
O projeto recupera algumas ideias de projetos anteriores (2018: Academias do Conhecimento – Fundação Calouste Gulbenkian; 2019: Fazer Acontecer – Câmara Municipal de Lisboa) apoiados pelo CRIA- Centro em Rede de Investigação em Antropologia, bem como as práticas já realizadas na ESRDL de divulgação da Antropologia no Secundário.
Estas práticas têm demonstrado valências interessantes aos seguintes níveis:
- Articulação curricular;
- Formação ao nível do currículo oculto, dando voz às questões colocadas pelos estudantes;
- Apresentação pública (Jornal Académico; exposições; mini-conferências) das pesquisas realizadas.
- Articulação Escola/Universidades, através da aprendizagem de métodos e técnicas da pesquisa científica.
A oficina fará articulação entre a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento sobre temáticas julgadas pertinentes e enquadradas pela visão holística da Antropologia.
Oficina de Antropologia e Cidadania
O projeto pretende articular o conhecimento e práticas da Antropologia com as de Cidadania e Desenvolvimento, contribuindo para uma melhor articulação de saberes e competências dos estudantes.
O método etnográfico poderá ser um precioso auxiliar na construção e desenvolvimentos de novas competências:
- construção de diários de campo (o que observo).
- desenho etnográfico (como represento o que vejo).
- estudo de parentesco (diversidade de estruturas de parentesco e/ou memórias de família/histórias de vida ).
- aspetos de cultura material (das sementes do quintal e dos vasos às colheres e pratos onde comemos).
- O jovem construirá assim modelos e representações a partir da sua experiência e diálogo com outros jovens.
A oficina poderá mobilizar outras atividades que o jovem realize, nomeadamente teatro.
Objetivos principais da oficina:
- estimular nos jovens uma visão holística do mundo;
- desenvolver a sensibilidade e inteligência emocional, a empatia e a capacidade de apreender o que está à sua volta.
- incorporar conhecimento (torná-lo físico), desconstruindo a visão tradicional de oposição conhecimento/vida e teoria/prática.
- desconstruir as oposições natureza/cultura e razão/emoção.
- “o diferente sou eu”.
Integrar os saberes nas vivências comunitárias, permitindo um maior diálogo entre áreas do saber, escolas e comunidades.
PLANEAMENTO -2024-2025
Público-alvo: Alunos da ESRDL de todas as áreas disciplinares.
Recursos: - Investigadores/Antropólogos (CRIA-ISCTE-FCSH-APA-Outros)
- Professores
- Alunos (12º ano)
- Espaços da ESRDL – Auditório, outros a designar
Metodologia
1. Abordagem pedagógica centrada em problemas.
Problemas diagnosticados no ano letivo anterior podem desencadear os primeiros trabalhos da oficina. (Saúde Mental, Redes Sociais – Bulliyng e Cyberbulliyng, Política e Sociedade, Educação Sexual).
2. Divisão de tarefas e criação de grupos de trabalho.
3. Pesquisa e elaboração de diários de campo.
4. Apresentação pública de resultados.
Calendarização
Setembro/Outubro – Diagnóstico sobre os interesses formativos. Outubro – Organização do trabalho/parcerias e criação de grupos.
1º e 2º Períodos: uma atividade por mês (workshop, palestra, saída de campo, outras); sistematização dos resultados.
3º período: Apresentação pública dos resultados de pesquisa.
EXEMPLOS DE SESSÕES A DINAMIZAR
Antropologia dos 5 ou mais sentidos
Módulo 1- O que vejo?
Dentro da escola.
A – Os jovens olham e descrevem o mesmo espaço (sala de aula, cantina, recreio).
B – Os jovens desenham e escrevem a partir dessa observação.
Módulo 2 - O que cheiro?
Fora/dentro da escola.
Este módulo tem o objetivo de descobrir memórias de família e compreender diferenças culturais, construindo identidade a partir de situações como:
A – O jovem constrói o seu mapa dos cheiros (da casa, da mãe, da escola, do jardim)
B – O Antropólogo/professor constrói um roteiro de cheiros (por exemplo, do cheiro da comida e das plantas até à identificação de memórias dos cheiros – a comida da avó) Este roteiro permitirá reforçar laços de família e trocar experiências.
C – O jogo dos detetives – o farejador – em que o jovem segue um cheiro. Por exemplo, do cheiro de uma comida, até à receita, à região, à pessoa que transmite a receita.
Módulo 3 - O que ouço?
Em casa.
A – Que sons identifico na minha casa, na rua, na escola?
O jovem debate, a partir dos relatos individuais, a hierarquia dos sons (grunhido, grito, música) De que sons gostamos mais?
Módulo 4 – O que saboreio?
Na sala de aula.
O jovem traz os sabores de casa, relacionados com as festas e ocasiões especiais. Ele conta como se desenvolve a festa ou a ocasião especial.
Outros módulos poderão ser construídos com base nos currículos e temáticas em curso durante o ano letivo.
“Aquele que estuda antropologia sabe que a disciplina cultiva resiliência, persistência, confiança, abertura, criatividade, coragem, paciência, adaptabilidade, tomada de perspetiva, empatia e autocontrole. Estudar antropologia na idade escolar, idade de um desenvolvimento pessoal e intelectual acelerado, quando os estudantes procuram ativamente entender o seu lugar no mundo, prepara os alunos para evitar o pensamento etnocêntrico e para melhor compreender e apreciar a beleza na diversidade das experiências humanas.
A antropologia ensina os alunos a adotarem a perspetiva de outro com empatia, o que contribui para a criação de um mundo mais pacífico - livre de ódio com base em conceitos erróneos religiosos e livre de julgamentos baseados em tradições culturais diferentes.
Educação global, cidadania global, competência global, intercâmbios interculturais, imersão autêntica e experiências de serviços à comunidade, são temas programáticos e curriculares importantes nas escolas de hoje.”
American Anthropological Association, Cultural Anthropology in Secondary Schools: An Essential Part of a 21st Century Education
https://www.huffingtonpost.com/american-anthropological-association/cultural-anthropology- in_b_8045130.html
Projeto de:
Lurdes Pequito (professora) e Helena Marques (Antropóloga)